sábado, 12 de maio de 2007

Diversidade religiosa

Gente, Thiago me mandou essa matéria por e-mail para continuar nossas discussões a respeito de religiosidadeXrespeito. Leiam! Cai na prova! rsrs
Abs
Hieros

A diversidade religiosa requer o respeito de um estado laico

Durante séculos a Igreja Católica tem influenciado o estado brasileiro, tentando impor normas de conduta à população. Não faz sentido, no entanto, que uma nação, possuidora de uma diversidade religiosa tão variada, deva seguir normas impostas por uma crença específica.
Justiça à multiplicidade de etnias e à diversidade religiosa seria feita respeitando-se a lei, pois por preceito constitucional (CF/88 - Art. 19. "É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança...") o Brasil é um estado laico e nenhuma religião, portanto, poderia exercer pressão ideológica junto aos cidadãos livres, nem imprimir sua marca em autarquias ou papéis do estado.
No entanto, o direito de crença ou não-crença é cerceado, por exemplo, quando se manuseia dinheiro em cédulas, onde há uma inscrição de cunho religioso, que não expressa unanimidade nacional. Ao passá-las, os cidadãos não-crentes consolidam um ato involuntário de disseminação de propaganda religiosa, ferindo seus direitos de liberdade ideológica, assim como dos que as receberão, simbolizando, com o ato, a aceitação da referência religiosa expressa nelas.
Outro exemplo de desrespeito à individualidade se dá na maioria das salas de aula nas escolas públicas estaduais, onde há um símbolo religioso dependurado, geralmente sobre o quadro negro, representando apenas as religiões cristãs, desrespeitando, deste modo, as demais; uma vez que foram adquiridos com dinheiro dos contribuintes de diversas crenças e de não-crentes também. Há ainda o agravante de que alguns alunos se sentem constrangidos em certas ocasiões, quando são levados a fazerem "sinais" que não condizem com os preceitos religiosos de sua família.
O próprio ensino religioso nas escolas públicas é uma afronta ao direito individual; sem questionar seu conteúdo, se tendencioso ou não, pois o agravo está na sua existência, não no pseudopluralismo de ideologias, divulgado como parte integrante da disciplina.
As recentes declarações do mais alto líder da Igreja Católica Apostólica Romana, dirigindo-se não apenas aos seus integrantes, o que seria de direito, mas incitando pessoas de todas as religiões e não-crentes a agirem de forma ofensiva contra um determinado grupo, apenas por não compartilharem da mesma ideologia de sua instituição, por exemplo, extrapolou os limites do aceitável nos dias de hoje, tornando-se o mais grave caso de interferência e pressão ideológica.
Sequer deveria ser cogitada a hipótese de uma instituição religiosa possuir tanto poder, quanto mais concedê-lo, em detrimento das leis que regem uma nação livre, democrática e laica. Pois, de outro modo, incorrer-se-á no risco da volta à Idade Média, onde o terror religioso praticado pelos mandatários da ICAR levava seres humanos livres a serem queimados vivos, em praça pública, por discordarem da ideologia da instituição, que se arvorava de detentora dos direitos de decidir sobre os destinos da humanidade, impondo seus dogmas na base da força e em forma de lei.
Por Daubi Piccoli
Professor e jornalista

Publicado em 5/9/2003 no Jornal Boa Vista (Erechim/RS) e A Folha Regional (Getúlio Vargas/RS).

5 comentários:

Thiago José disse...

Pessoas,
Rafael me passou esse texto e até então eu não o tinha lido.
Li, gostei e estou opinando! Espero que apreciem o meu comentário!

Thiago Sales...

...“o Brasil é um estado laico e nenhuma religião, portanto, poderia exercer pressão ideológica junto aos cidadãos livres, nem imprimir sua marca em autarquias ou papéis do estado”...

E vem o Papa nos dizer que excomungará políticos católicos que apóiem o aborto... Assim, realmente não dá! Cadê o respeito à opinião alheia? Será que ainda estamos sob o poder da Igreja? Será que a sociedade evoluiu tanto, que terminou deturpada por costumes que outrora já não marcavam forte presença? Como chegamos a esse ponto?
A pergunta não quer calar: Ao invés da Igreja católica apenas repugnar o aborto, por que não cobrar do estado à adoção de políticas públicas, que institucionalizem a educação e forneçam serviços essências de qualidade? Será que essas mulheres engravidam por que querem? E por que será que elas decidem abortar?
A igreja não está preocupa com os nossos problemas. Apenas lhe interessa o espaço e o poder de decidir sobre as nossas vidas.

O assunto é mais grave do que parece. Com a visita do papa houve uma mobilização social enorme. A prefeitura e o governo do estado de São Paulo investiram cerca de R$ 4 milhões em revitalização, infra-estrutura e segurança. Pergunto-me: Para que toda essa pompa, se o que a igreja sempre pregou foi à humildade e simplicidade?

A resposta vem mais clara do que a água que Jesus Cristo transformou em vinho! A Igreja Católica nunca foi humilde. O seu clero nunca soube respeitar a diversidade étnica do nosso País. Por isso às vezes sinto-me constrangido em dizer que sou negro, afinal, eu prezo a diversidade, sei que tenho uma mistura de raças correndo em minhas veias e não tenho vergonha em assumir: já tive, hoje não tenho religião! Se fosse para defender minhas raízes eu teria que cultuar as heranças afro ou os cultos cristãos. Particularmente, nenhum dos dois me interessa.
Trazemos conosco preceitos de uma sociedade democrática, portanto, somos livres para decidir e opinar de acordo com nossa formação ética, moral, filosófica e familiar. Não sou europeu, não sou africano, sou descendente desses dois povos. Logo, sou de raça menos consistente. Sou brasileiro!
Se partíssemos do principio de que nosso País foi invadido, quando já existiam povos habitando a nossa terra, eu me diria Índio – indígena, pois quem nasce numa determinada região tem por direito ser chamado pelo adjetivo pátrio dos que ali habitam.

Sou a favor do Peblicito! Quando o povo fala diz: exigimos respeito! Somos nós que fazemos do nosso País o que ele é hoje! Vamos às urnas para saber a opinião de quem realmente interessa. Independente de qualquer religião.

Thiago Sales...

Luz de Vela disse...

Muito interessante suas observações TJ.
Ñ sou católica e nem nenhuma religião do cristianismo, simpatizo os cultos pagães que vieram muito antes desse negocio chamado igreja. Mas, é importante ressaltar que não só a igreja católica que é contra o livre arbítrio de fazer o aborto. Existe diversas ceitas que ñ aprovam essa pratica, o espiritismo com todo sua cultura de liberdade, também não apóia essa idéia.
Um dos demônios da humanidade chamado: Mao Tse Tung, deixou uma frase ótima: "Religião é o veneno do mundo"
É questão para se refletir!

Unknown disse...

Faço uma objeção em relação ao comentário de Daniela: O espiritismo sempre deixou claro em sua ideologia o princípio do livre arbítrio. Ele é "contra" o aborto em conceitos éticos da própria crença, no entanto, não julga, não condena e não "excomunga" a mulher que fez o aborto porque sabe que cada ser humano, em sua sã consciência, tem o direito de fazer o que bem entender com o próprio corpo. Ser contra não é o erro a partir do momento que isso se deixa claro. O erro está em proibir e discriminar aqueles que tomam decisões contrárias às próprias instituições.

Religião aliena a partir do momento que não respeita a opinião ou crença do próximo e tem a sua como absoluta.

Como já concluí, o Papa não passa do mais forte representante político do mundo. Nada mais, nada menos que um político que faz parte da corja dos que querem o controle do planeta.

Luz de Vela disse...

Querido Rodrigo, sei do valor que o espiritismo prega em relação ao livre arbítrio, mas eles são contra o aborto, assim como qualquer religião. Conheço a doutrina espirita e gosto, mas a questão do aborto no esperitismo está ligada a reencanação. Citei o esperitismo como exemplo extremo, em momento algum quis destruir o espiritismo. Só reesaltar que não é só a inquisidora q é contra o aborto e quando nós criticamos ela, temos q lembrar q ela não é a única nessa longa e complicada história...

Anônimo disse...

Olá, pessoal! Fazendo uma pesquisa no Google encontrei meu artigo publicado nest blog e o comentário de alguém, de que 'cairia na prova'. É verídico isso? Se meu artigo foi usado como base em alguma prova, ficaria feliz em saber em qual universidade foi.

Um abraço a todos!

Daubi

daubi@daubi.jor.br
www.daubi.jor.br

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